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A Solidão

Solidão

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Há dias em que sentimos com mais intensidade o fardo da solidão.

À medida que nos elevamos, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentamos a solidão dos cimos e profunda tristeza nos dilacera a alma sensível.

Onde se encontram os que sorriam conosco no parque primaveril da primeira mocidade? Onde pousam os corações que nos buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos nos partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras felizes do início?

Por certo, ficaram…

Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contato da menor chama de luz que se lhes descortine à frente.

Em torno de nós, a claridade, mas também o silêncio…

Dentro de nós, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não sermos compreendidos…

Nossa voz grita sem eco e o nosso anseio se alonga em vão. Entretanto, se realmente subimos, que ouvidos nos poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os nossos ideais de altura?

Choramos, indagamos e sofremos… Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso?

A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida.

A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza.

A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Não nos cansemos de aprender a ciência da elevação.

Lembremo-nos do Senhor Jesus que escalou o Calvário, com a cruz aos ombros feridos. Ninguém O seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça.

Não relacionemos os bens que, porventura, já houvermos espalhado.

Confiemos no infinito bem que nos aguarda.

Não esperemos pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento.

E não nos esqueçamos que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo da Humanidade não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.

O sacrifício na cruz é a mais bela lição de resignação que o Mestre nos legou.

Sem nenhuma imposição conclamou-nos: Quem quiser vir após Mim, tome a sua cruz, negue a si mesmo e siga-Me.

O que equivale a dizer que tomemos a cruz dos nossos sofrimentos com abnegação, e escalemos a montanha da ascensão espiritual, confiantes Naquele que nos fez o convite.

E, embora com os pés sangrando, ao chegarmos no topo do monte, depararemos com a planície florida e a estrada iluminada que nos conduzirá ao Mestre.

Recordemo-Lo, portanto, e sigamo-Lo…

*  *  *

Se não temos conosco as marcas do testemunho pela responsabilidade, pelo trabalho, pelo sacrifício ou pelo aprimoramento íntimo, é possível que amemos profundamente a Jesus, mas é quase certo que ainda não nos colocamos, junto Dele, na jornada redentora.

Abençoemos, pois, a nossa cruz e sigamo-Lo, sem temor, buscando a vitória do amor e a felicidade eterna.


___

Fonte: Redação do Momento Espírita, com base no texto O decálogo da serenidade, da Revista Reformador de agosto de 1996, ed. Feb. Disponível no CD Momento Espírita, v. 1, ed. Fep. Em 28.01.2008

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